Terminei de ler: O Cético

 O Cético
Autora: Ada May (pelo espírito José Bento)
Páginas: 256
Editora: Lachâtre


Arthur C. Davenport foi um dos mais ferozes inimigos do espiritismo em seus primórdios, mobilizando inteligência e fortuna para desmascarar médiuns e pesquisadores. Apesar disso, participou do círculo de amigos íntimos de Allan Kardec, onde pôde demonstrar todo o seu ceticismo em relação às questões espirituais trazidas pela Nova Revelação. Conheça sua história neste romance envolvente, que faz inesquecível homenagem a alguns dos primeiros trabalhadores da seara espírita, como Ermance Dufaux e Allan Kardec.






No começo da trama somos apresentados ao advogado Arthur C. Davenport. Figura intragável e de poucos amigos, herdeiro de grande fortuna e que nas horas vagas trabalha auxiliando a polícia londrina a solucionar casos insolúveis.

A única pessoa que pode requerer o título de amigo do rapaz, nessa altura, é o médico Edward Watson. Ao contrário do advogado, ele é uma pessoa passiva, compreensiva e de bom coração. O total oposto da personalidade do amigo, mas que de alguma forma bizarra se dão muito bem.

Fora isso, um antigo empregado da casa, Alfred Smith, é a única companhia presente em sua vida após o falecimento dos pais do advogado. Este sim, como um "bom criado em seu tempo" (a trama começa em 1857), Alfred esta sempre disposto a cumprir os mandos e desmandos de seu patrão, sempre de forma calma, educada e sem demonstrar nenhuma afetação em seu semblante.

Embora não tenha lá muitos amigos, Arthur não pode negar ajuda quando Edward Watson quando ele conta que suspeita que uma paciente, a senhora Beatrice Shutherland, esta a ponto de ser enganada e ter sua fortuna roubada por um vigarista.

Ela, que anos atrás perdeu seu marido, ainda se recuperava da grande perda quando seu único filho vem a falecer também, por conta de um acidente. E agora, alguns anos após a nova perda, ela foi apresentada a um homem que se diz capaz de conversar com os mortos e portador de mensagens de seu falecido.

Quando Arthur aceita auxiliar no caso, descobre que a senhora esta a ponto de adotar o vigarista e deixar toda a sua herança para ele!

Como sabem que a dama pode não crer na palavra deles, uma vez que sofria dura perda e se sente confortada com as "tais mensagens do além", Arthur oferece ser o oficializador dos tais pedidos do falecido e diz que quer ser o advogado responsável por escrever um contrato com os pedidos do falecido e que garantam a senhora ser tratada como ele queria.

Tudo pronto, e lá vão os dois participar de uma "encorporação mediúnica" e embora o local tenha ido previamente preparado pelo vigarista e seus capangas, Arthur rapidamente desmascara os truques dos três e faz a própria senhora colocá-los para correr.

Esse acontecimento acende ainda mais em Arthur a fúria contra as pessoas que ganham dinheiro dizendo que podem se comunicar com os mortos, mas sua raiva é tamanha que ele volta-se contra toda e qualquer pessoa que acredite na "vida após a morte", ao desligamento da alma do corpo. E isso faz com que o advogado comece a perseguir médiuns, espíritas e até figuras conhecidas como Allan Kardec e Ermance Dufaux, com o propósito de provar ao mundo que todos eles não passam de charlatões e que se aproveitam da bondade alheia.

Tão convencido de todas as maldades que os "espíritas" e de que eles sejam tão corruptos quanto os charlatões Arthur está, que o destino dá um jeitinho de pregar-lhe uma bela peça. Justamente quando decide falar poucas e boas para a autora Ermance Dufaux em uma livraria, ele acaba caindo de amores pela acompanhante dela, Jeanne Maginot, professora, amiga e prima da jovem médium.

Após o verdadeiro barraco que ele faz, Arthur se vê perdido, sem meios de chegar a sua musa inspiradora e recorre ao seu único amigo para tentar aproximar-se dela. Mas desculpar-se do que fez e conseguir conquistar o coração desta moça pode não ser uma tarefa tão fácil. Será preciso que Arthur reveja seus conceitos e entenda que nem todo mundo quer o mal de todos.

Embora seja um teste de paciência os chiliques do protagonista, a trama toda é bem interessante. Ela apresenta muitas reviravoltas muito interessantes e tem em meio a sua narrativa acontecimentos e pessoas reais. Não que tudo que acontece nele seja verdade, mas as datas e lançamentos de livros citados, bem como a fundação da Sociedade Espírita são mesmo reais.

Não digo que seja apenas uma leitura para quem é espírita ou para quem não acredita em espíritos (já que Arthur é a verdadeira definição do cético), pois o livro debate pontos muito superinteressantes. O único problema é aturar um homem adulto com comportamento de criança e birras dignas dos 5 anos de idade, sabe? Há momentos em que tive que deixar o livro de lado para não perder de vez a paciência e retornar alguns minutos depois.

Uma parte bacana, é que o livro apresenta alguns trechos de cartas e livros reais de Allan Kardec, então, para quem é bem curioso sobre a doutrina espírita, é aquela espiadinha casual que pode se ter antes de pisar no local.

Essa editora não é muito famosa, mas o cuidado em que ela empregou em sua obra é tamanho. O livro possui orelhas laterais e, embora as páginas sejam branquinhas, todos os abres de capítulo foram impecavelmente feitos com a imagem da capa em preto e branco no topo.

Nota: 4 de 5

E, só para deixar um gostinho, deixarei a citação mais marante do livro aqui de brinde para vocês:

"Não basta jamais fazer o mal, é preciso também fazer o bem. Se não sois senão um homem honesto, não haveis cumprido senão a metade do vosso dever."



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