Terminei de ler: Ninguém Foge da Vida

Ninguém Foge da Vida
Autor: Carlos Henrique de Oliveira
Páginas: 372
Editora: Vida e Consciência


Nascida em uma tradicional família paulistana e descendente de alemães, Carolina desafia os ditames sociais ao assumir seu amor por um jovem negro e pobre em plena década de 1930.

A família da moça não aceita o relacionamento, e ela é obrigada a ir viver na Europa, em meio à Segunda Guerra Mundial. Lá, conhece um casal de judeus, que, perseguido pelos nazistas, se vê obrigado a entregar o filho pequeno à jovem, restando a ela fazer tudo o que estiver ao seu alcance para proteger o menino. 

Uma história sobre afeto, perdão, preconceito e sobrevivência do espírito, que ensina que o amor é capaz de superar todos os obstáculos, no emocionante romance de estreia de Carlos Henrique Oliveira. 


Nota: 5 de 5


Gosto muito de livros que trazem um acontecimento histórico real como o "pano de fundo" da trama toda e este aqui faz exatamente isso. Ele trata sobre xenofobia, racismo e mostra o como o nazismo não era nada legal como tem certas pessoas que ultimamente decidiram sair do inferno que andam acreditando.

A história começa na década de 30, durante os anos em que Hitler começa a sua louca jornada de ódio e controle na Alemanha, aproveitando-se das sanções econômicas que a Alemanha sofreu após a Primeira Guerra Mundial, e fazendo uma verdadeira lavagem cerebral no povo alemão com seu discurso que tentava exaltá-los e colocar em suas mentes que eles não deveriam baixar a cabeça para ninguém, por serem melhores que o mundo todo.

Enquanto a coisa começa a pegar fogo do lado de lá, na capital paulista aqui no Brasil mesmo, a situação na casa de Carolina está a ponto de seguir um caminho bem tortuoso também. É que a jovem, branca e de família abastada, se apaixona por um jovem negro, Heitor. O rapaz serve o exército com o irmão dela, Ulisses, e a atração entre eles foi mútua. Embora o amigo aprove a relação, já que sabe que Ulisses tem as melhores intenções para com sua irmã, ele sabe que a vida desses dois não será nada fácil, então tenta ajudá-los a se verem foram da casa deles, antes que ela assuma para sua família tal relação.

Aliás, a família deles é bem complicada. Seus pais, Demóstenes e Hilde, controlam a vida dos filhos e tem seus próprios planos para o futuro de cada um deles. Mas, digamos, que a mãe seja a pessoa mais complicada desta relação. Já que ela é descendente de alemães e está totalmente encantada e convicta de que as ideias higienistas de Hitler são ótimas e devem ser seguidas (interessante é que ela casou com brasileiro, logo não é raça pura, né? Lógica mandou um abraço!).

E, infelizmente, quando o pobre rapaz chega para pedir a mão da moça em namoro, a situação não poderia ser outro. Ele é humilhado pelos pais da moça e ela logo é enviada para a Alemanha, onde deve se casar om um oficial do Reich e "perpetuar a raça pura da qual ela faz parte", segundo as ideias doidas da mãe dela. Mesmo que a moça nunca tenha visto esse rapaz na frente. Mas antes de partir, sua mãe descobre que ela está esperando um filho de Ulisses e dá um jeito de matar a criança, antes mesmo que Caroline tome ciência da gravidez. É de cortar o coração o como ela descobre que ia ser mãe só após perder o neném.

Mas se Hilde achava que na Alemanha a filha fosse mesmo se tornar alguém como ela, está redondamente enganada. Ela faz amizade com professores judeus, enquanto não está sendo fiscalizada pelo noivo, e os ajuda a fugir de algumas sansões impostas por Hitler por um tempo. Aliás, é interessante o como o autor usou informações reais para a composição do livro e descreve como foram as primeiras medidas do governo alemão contra os judeus desde o início, muito antes da criação dos campos de concentração.

Mas, infelizmente, chega uma hora que a situação piora de vez, a hora em que os campos são criados e seus amigos judeus são retirados de seu convívio, deixando-a com o filho deles sob sua proteção. E é nessa hora, meus amigos, que amoça acaba se envolvendo com uma rede de espiões (pessoas que haviam sido perseguidas, mas conseguiram escapar da mira do governo, alguns deles, aliás, eram perseguidos por serem homossexuais) para tentar desesperadamente tirar o menino da Alemanha e dar-lhe uma chance de vida.

Carolina passa por muitas situações traumáticas e tem que se reinventar se quiser continuar lutando por sua vida e a de seu "filho". Ela tem poucas chances de conseguir voltar para casa e rever Ulisses, mas não se abala e segue forte em suas convicções.

Eu não conhecia o autor anteriormente, para ser bem sincera essa foi a primeira obra que li dele e há tantos ensinamentos marcantes que me deixaram encantadas. Há muito sobre o como a mulher era trada como inferior, o como casamentos interracial eram vistos como imorais, a perseguição que homossexuais viviam e como tentavam se esconder, a perseguição religiosa e tantos temas complexos, que achei que o autor acabaria se perdendo em algum momento. Porém, para minha grande alegria, ele soube retratá-los muito bem. Esse é um daqueles livros que eu empresto para todo mundo que diz que quer ler algum livro espírita, pois não tem como ele não marcar a pessoa no fundo do coração.

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